Tempo de Antena

Não é do meu apanágio ter dois posts seguidos sobre temas semelhantes, mas vai ter de ser. Também convém dizer que devido à crise o meu apanágio levou com uma penhora em cima e está agora num processo de reestruturação de património, pelo que o que era do meu apanágio pode agora já não ser... é assim, não temos cuidado, pensamos que só acontece ao apanágio dos outros, mas depois quando menos esperamos estala a bomba... peço desculpa pela metáfora bélica, mas é de ouvir os últimos discursos do Cavaco... não estou habituado a ouvi-lo e depois dá nisto... segundo as suas palavras, ele tem uma bomba atómica (dissolução da assembleia) mas afinal não a quer usar... e disse num jantar-comício que é preciso um presidente com experiência para quando rebentar a bomba (agora da crise económico-financeira). Diz que o Cavaco já convidou para assessores na presidência a brigada de minas e armadilhas, mas estes rejeitaram porque o submarino que o Estado comprou por muitos milhões para os levar a Belém está a arranjar... diz que o revestimento deste submarino construído para Portugal não estava preparado para as águas do Atlântico... há piadas que se escrevem por si.
Bom, mas nesta altura estará o leitor a pensar que seria bom avançarmos para o que interessa... mas isso é porque lê este blog há pouco tempo, senão já tinha perdido essa esperança. Outra possibilidade de pensamento na cabeça do estimado leitor é como é que é possível escrever meio parágrafo só à volta da palavra apanágio... mas não vamos por aí. Vamos sim, pelo seguinte: estou capaz de escrever uma petição a pedir que o direito de antena seja um programa diário durante todo o ano e não apenas quando há campanhas eleitorais. Como programa humoristico-cultural que é, devia fazer parte do horário nobre das nossas televisões... e já que falamos em Nobre, quem não gosta de ouvir este candidato a falar de peito inchado sobre os seus feitos passados enquanto fundador da AMI? Resposta: Eu, eu não gosto! A voz do senhor irrita-me. Mas lá está, graças ao direito de antena, posso refastelar-me no meu sofá e retirar o som da televisão, enquanto leio as legendas pensadas para os deficientes auditivos. O meu tributo sincero a quem teve a ideia. Já o Manuel Alegre optou por colocar no cantinho do ecrã uma tradutora para linguagem gestual, em vez das legendas... o que também dá um excelente momento de televisão, especialmente quando a senhora tenta traduzir em gestos a componente inflamada do discurso do candidato durante um comício... a não perder! E com isto já passámos por três candidatos... falta-me só falar do tipo do PCP, do madeirense anti-Jardim e do médico candidato independente deputado do PS... pronto, já está!
Enfim, isto só dura até amanhã e portanto é aproveitar... O Cavaco também já disse que está desertinho que chegue sexta-feira à noite... aposto que se quer enfiar nas mantinhas e voltar a ficar 5 anos caladinho. Sim, porque parecendo que não, ele já é pensionista e isto de falar todos os dias cansa. Aliás com a nova lei de impossibilidade de acumulação de ordenados públicos com pensões, o senhor decidiu abdicar do ordenado de mais de sete mil euros de presidente e ficar apenas com as reformas de professor catedrático e das suas funções no banco de Portugal... agora é pensionista a tempo inteiro... aliás a viatura oficial vai passar a ser um papa-reformas. (Não, não vai, isto já sou eu a inventar!) Outro aspecto interessante é o convidado que escolheu para tocar amanhã no seu comício de encerramento... quem foi? Isso mesmo, o Tiago Bettencourt (não confundir com o José Eduardo Bettencourt, que esse está a tratar de outro encerramento)... parece que já estou a ouvir a plateia a cantar em plenos pulmões o último grande sucesso deste músico, o 'Só mais uma volta'... bela ideia, Prof. Cavaco... ou será que foi do Sr. Alzheimer?
Depois, no sábado, é dia de reflexão... eu já comprei o meu espelho... para ir para a rua... reflectir. É natural que com tanta informação e contradição as pessoas tenham dúvidas... eu, por exemplo, tenho uma bem grande: o que raio é, afinal, um apanágio?