quinta-feira, 28 de abril de 2011

Almoço em família

Uma criança muda a maneira como nos damos com o resto da família, ficamos com menos tempo... mas principalmente muda a maneira como a nossa família se dá connosco. E nada melhor que uma série de almoços em família por alturas da Páscoa para nos relembrar disso. A saudação passa de um 'Olá, então como correu a semana?!' para um "OLÁÁÁ!!!" dirigido a quem está ao nosso colo, na esperança que um "Ouá!" seja devolvido... geralmente não o é, que a criança nesta altura ainda está meio zonza de ter ido a dormir na viagem. Depois segue-se um "Estás tão grande... e pesada!", mais uma vez dirigido a quem deixou de estar ao nosso colo para passar ao colo do interlocutor. Convém dizer que antes da existência da criança teria saído um "Estás mais gordo/magro... andas a comer bem?!" dirigido a nós... Segue-se a parte da comida... O "Fiz o teu prato favorito" é substituído por "Fiz isto, que é mais adequado para a menina..." Depois é a corrida... ver quem acaba mais depressa para soltar o "Podes passá-la para o meu colo, que eu já acabei..." Na parte da sobremesa temos o habitual "Dá-lhe um bocadinho de pudim, que ela está a aguar a ver-nos a comer"... na verdade, ela está-se a babar, porque é o que ela faz, estejamos nós a comer ou não...  sim, porque por muito inteligente que a minha filhota seja, ela ainda não sabe o que é pudim, o que nem sempre é fácil de explicar a um avô! Mais para o fim, é a parte de preparação para o Alzheimer... de 15 em 15 segundos repetem-se as perguntas "Onde está a Mamã? E o Papá? E a Avó, onde está? E a Tia?". A criança já acerta amiúde nas duas primeiras, mas enquanto não acertar nas duas últimas... e depois vem a parte das escondidas, atrás das próprias mãos... "Onde está a Tia? Está aqui! Onde está a tia? Cucu..." e por aí fora até esgotar os truques da criança. A terminar, chega a hora do adeus, que agora que a criança já está mais que ambientada é devolvido com um forte "OUÁÁÁ, OUÁÁÁ!!!"... É a vida... nem sempre nos dá o que queremos.

1 comentário:

  1. 1. inevitavelmente, as crianças passam a ser o centro das atenções. e nós, os outros, o inevitável último plano.
    2. de qualquer forma acho extremamente reconfortante sentir que os adultos não estão inteiramente perdidos. sempre que se desmancham ridiculamente diante de uma criança, a dar o seus melhores e mais sinceros sorrisos acompanhados das mais plenas papetices... sempre que vejo isso reconforto-me com a ideia de que o mundo não está perdido. não, está apenas à espera do estímulo certo.
    3. as crianças não têm filtro (avé!). por isso, encaro-as sempre com a maior das ansiedades... não há nada pior que ser reprovado por uma criança...

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